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Como a indústria do Paraná tem reagido aos impactos da guerra na Ucrânia

Publicada em: 18/07/2022 21:49 - Estaduais

Como a indústria do Paraná tem reagido aos impactos da guerra na Ucrânia

Custos aumentaram e dificuldade de acesso a insumos tem gerado transtornos, mas também novas oportunidades de mercado

Quase quatro meses após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, os impactos para a economia são notórios. Em diferentes níveis, todos os países têm sido afetados – pelo aumento do preço do petróleo e de alguns alimentos, dificuldade de acesso a itens ou até pela instabilidade geopolítica. De acordo com um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 42% das empresas brasileiras sentiram consequências negativas, principalmente relacionadas à alta do preço de insumos e matérias-primas.

Para a indústria paranaense, apesar de os dois países não estarem entre os principais parceiros comerciais para exportação – a Rússia figurou como o 19º destino e a Ucrânia como o 67º em 2021 –, há uma preocupação sobretudo devido aos produtos russos que o estado importa, que responderam por 2,8% do total e fizeram a Rússia ficar na 7ª posição entre os parceiros de importação no ano passado.

Como mostra o levantamento do Observatório Sistema Fiep sobre os impactos do conflito para a indústria paranaense, entre as dez principais mercadorias importadas da Rússia pelo Paraná nesse período, oito foram produtos químicos, como cloretos de potássio (25,7%) e Diidrogeno-ortofosfato (20,3%).

“A Rússia é um dos principais fornecedores mundiais de insumos para fertilizantes e, como o Paraná é muito forte no agronegócio, a falta deles é um risco que ainda não se concretizou, mas é muito importante o acompanhamento da situação, não só no estado, mas para todo Brasil”, alerta Marcelo Alves, economista do Sistema Fiep e responsável pelo levantamento.

Outros impactos para a economia são: a possibilidade de redução da atividade econômica nos Estados Unidos e na China, que são os principais parceiros comerciais do Brasil e do Paraná; e as consequências das sanções impostas a Rússia – um grande polo de exploração e produção de diversas commodities, como minérios e grãos – que pode ter a exportação desses bens dificultada e potencializar os danos às cadeias globais de produção.

O economista explica que o agronegócio brasileiro, e particularmente o mercado paranaense, pode ser bastante impactado pela imposição dessas sanções devido à produção de alimentos, tanto na pauta agrícola quanto na pauta industrial. Isso porque os insumos para fertilizantes se tornam mais escassos e caros e a rentabilidade dos produtores brasileiros pode cair.

Contudo, vale destacar que a guerra começou em um contexto ainda de recuperação da pandemia em todo o mundo, mas a indústria do Paraná tem apresentado solidez. “De qualquer forma, o Brasil e em especial o Paraná, apesar dos problemas que também nos afetaram e da fragilidade econômica do país, mostra na sua estrutura produtiva capacidade de passar por esse momento sem tantos impactos e ainda com a possibilidade de auferir novos mercados”, reforça Marcelo Alves.

Os dados relacionados à empregabilidade reforçam essa visão. De janeiro a abril de 2022, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que a indústria do Paraná apresentou saldo positivo de mais de 11,8 mil postos de trabalho. Dos 23 setores da indústria de transformação, apenas dois apresentam saldo negativo nesse período. Pelos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar do IBGE (PNAD contínua), o estado apresenta a 4ª menor taxa de desocupação do país neste ano, com 6,9%. A título de comparação, o resultado nacional é de 11,1%.

Mudanças de estratégia e novas oportunidades

Com esse cenário, as indústrias tiveram de mudar a estratégia de aquisição de insumos e matérias-primas e buscar fornecedores no Brasil. É importante lembrar que conflitos geopolíticos costumam elevar o nível de incerteza na economia global e, consequentemente, levam a um aumento da aversão ao risco. Um exemplo de novas estratégias empregadas vem do setor automotivo, que viu o cenário de desequilíbrio nas cadeias logísticas globais se agravar com a guerra, uma vez que já se encontrava consideravelmente afetado pelos impactos da pandemia e, mais recentemente, pelos lockdowns adotados pelo governo chinês.


Fonte: G1.com


Foto: Gelsom Bampi 

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